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(Maria Amélia de Carvalho Duarte Francisco Luís)

segunda-feira, 21 de julho de 2014

nem sempre brancas, sem sempre pretas


Se não tens memórias, disse-te um dia, não tens amanhã. sorriste e acenaste-me com a cabeça, compulsivamente. por momentos temi que, de algum modo, te saltasse dos ombros. e assim seria se, algures em ti, as raízes te não fossem de aperto e a alma cabutina. seria talvez a tua e a minha sorte.
foi quando, num ápice, soltei, prefaciando o desconhecido: vais morrer, disso não duvides. neste momento importa-te, e importa-me, saber onde queres desperdiçar as tuas energias. e, para que não restem dúvidas, foste-me incenso, luminária em minha vida. há,  nos teus e nos meus passos, um passado imperfeito que não é pretérito a tolher os dias que hão-de vir, e, nos meus olhos, uma lonjura de mágoa do tipo,
 nem sempre brancas, nem sempre pretas.
durante anos encontrei dentro de mim forças, estratégias, diria, para entender o voo rasante de tuas asas sobre searas de vento. durante anos esperei o teu regresso, de corpo inteiro, filho pródigo a meu ventre. durante anos encontrei migalhas a assinalar a tua passagem, como minas, prontas a explodir sob pés incautos. durante anos, a desmiúde, desminei terrenos antes que braços e pernas se esvaíssem corporizados num mar de sangue. à custa de meu próprio sangue. nada bastou.
e, daí que, sem mais que me finque aqui repito-me se te digo que a cada um cabe
a dor
que cabe.

“𝕮𝖗ó𝖓𝖎𝖈𝖆 𝖉𝖊 𝖚𝖒 𝖈𝖍𝖆𝖕é𝖚”

“… palerma, chapéus há muitos”… Haver há, de certeza absoluta. Nem contesto. Mas não são meus e nunca estabeleci com eles uma relação...