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Lisboa / V.F. Xira / Peniche, Estremadura, Ribatejo ..., Portugal
(Maria Amélia de Carvalho Duarte Francisco Luís)

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Glaciar




Na deriva dos dias emerge o cume de um tempo
De_ gelo. Um glaciar sem nome sustido na corrente sanguínea, a atropelar cada nanossegundo de um chão lunar em que, de pó de nadas, se faz o espelho em que aposto a cara. Retalhada, a imagem de mim não mais é do que a de um corpo chamado palavra e nele, no corpo que entrego rendida aos signos, cada letra luta agora por um novo posicionamento. Como um puzzle de que se perdeu a identidade ou que perdeu a lembrança original de si, e onde as peças, atulhadas por prazos infindos em caves escuras e expostas ao salobre e ao bafio, se esfarelaram per si em redemoinho de vísceras frias e poses deíficas, numa tentativa vã de danças acrónicas. Como um astro que aparece em lugar oposto ao Sol. 

Nada subjaz à mandíbula impoluta do gelo. O corte entre o antes e o agora atravessa as crostas mais íntimas e espessas, retalha-as sem dó nem piedade e a literatura em estado puro do que foi um dia o livro de Génesis deposto em tuas mãos, nega-se a regressar à claridade. A subida de tom das falas perdidas em silêncios calculistas afectou o equilíbrio das pedras de que se fizeram as paredes de gelo e nem a nova água que chega de todas as chuvas tem capacidade de ser absorvida - apenas e só gera, no mar das nossas vidas, a subida das marés. 


imagem da net.

“𝕮𝖗ó𝖓𝖎𝖈𝖆 𝖉𝖊 𝖚𝖒 𝖈𝖍𝖆𝖕é𝖚”

“… palerma, chapéus há muitos”… Haver há, de certeza absoluta. Nem contesto. Mas não são meus e nunca estabeleci com eles uma relação...