Sobre mim ...

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Lisboa / V.F. Xira / Peniche, Estremadura, Ribatejo ..., Portugal
(Maria Amélia de Carvalho Duarte Francisco Luís)

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Baralham-me

Baralham-me estes silêncios
confiscados ao vazio da noite
giestas a chibatarem meu corpo num eco inviolável de palavras.

Confundem-se mais do que algum dia
me confundiu o milagre da separação dos mares, do que me atribula a mente saber que existem ânforas depósitas nos fundos de todos os mares. E nelas, tesouros maiores por encontrar. Teus e meus. Nossos …

Ai esta raiva de ser impotência, de ser verbo d’encher e nada ser
senão
planta arrancada pela raiz na fúria de tua mão…
flor ...espalmada.

Baralham-me
cartas baralhadas, dadas e repartidas e as desbotadas, as de marear nas sete partidas dos mares, por onde marinheiros de vastas águas se fizeram ao mundo. E esta peleja permanente entre os homens e as águas.
Cavadas sem norma, regra, sem jeito
à veia cava do meu peito
aberto
oferto
em dádiva …
Arrestam-me ventos do norte
e as velas incendiadas no horizonte
mordem-me as entranhas descaradamente.
No que não dizem, no que não fazem, no que fazem e desmentem.

Baralho-me na recidiva,
confundo-me, derivada, cognata em mim. Abocanho a madrugada e dela a luz, ainda que declinada e ela, a luz, sabe-me, imutavelmente a água salsa. Salmourada. Ao sal que se escorre em face lívida, ao sal curtume da minha pele.
Estendida. Tensionada por cordame de barcos. Turbulentos, inquietos e logo abalroados no limite dum horizonte improvável.·

Hoje, como ontem, como no dia que adivinho rastilho do devir, embrulho-me na poeira do caminho, revisito o vale sagrado dos afectos e, baralhada, retorço o sentido de todos os alfabetos.

“𝕮𝖗ó𝖓𝖎𝖈𝖆 𝖉𝖊 𝖚𝖒 𝖈𝖍𝖆𝖕é𝖚”

“… palerma, chapéus há muitos”… Haver há, de certeza absoluta. Nem contesto. Mas não são meus e nunca estabeleci com eles uma relação...