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Lisboa / V.F. Xira / Peniche, Estremadura, Ribatejo ..., Portugal
(Maria Amélia de Carvalho Duarte Francisco Luís)

terça-feira, 3 de março de 2009

Dizer-te

Dizer-te hoje, como ontem, de promessas sempre afadigadas em espera por serem vida. Dizer-te de luas plasmadas nos contornos de uma boca a pespontar dos olhos de uma mulher.

Dizer-te que o Sol hiberna, que a sombra se agiganta e não se goiva, que se eleva, do pó a pedra, ave, tufão ou tornado descontinuo, na vindima prematura em que se escondem com prontidão os caminhos de ternura.

Dizer-te ainda da fruta dúctil e madura, das novidades fustigadas p’la nortada de ti.

Do gelo pontiagudos dos dedos com que, em penumbra noctívaga me desenhas em segredos. Do coração latente, de risos de fortuita semente jubilados à raiz do medo, no leito que se queda, em azimutes estropiados e membros colapsos p’la guerra.

Dizer-te

Criança
Flor
Mulher
Cansaço
Esfregão roto e gasto com que se abrilhanta o chão.

Da cera das abelhas, as colmeias, as obreiras… a ordem, a desordem do pranto, os prados verdes e logo vermelhos de fustigados.

Dizer-te da voz que se alimenta da flor do não florir. Das ideias marginadas em ruas rubras sempre inventadas. Dizer-te da coisa indizível, do inominável, da fome excedível de Columbina e Arlequim.

Dizer-te quando em mim, morreram mortas todas as vontades de ser palavras.


in Antologia Luso-Poemas, 2008, pág. 65, da Autora

“𝕮𝖗ó𝖓𝖎𝖈𝖆 𝖉𝖊 𝖚𝖒 𝖈𝖍𝖆𝖕é𝖚”

“… palerma, chapéus há muitos”… Haver há, de certeza absoluta. Nem contesto. Mas não são meus e nunca estabeleci com eles uma relação...