Sobre mim ...

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Lisboa / V.F. Xira / Peniche, Estremadura, Ribatejo ..., Portugal
(Maria Amélia de Carvalho Duarte Francisco Luís)

segunda-feira, 23 de março de 2009

estrada interdita

não sei de onde
nem quando
ou em que era ou idade, se na do Bronze
ou se em puberdades antíquas
nasceu em mim a fome de ser quem sou de verdade:

um mar
um oceano de facto

que não abarco
que não sustenho
que me esgotam do choro ao riso,

por onde navegam sem custo batéis (in)constantes de papel e de palavras,
sem rimas e sem nexo,
ofuscados d’anímicas por um sol excessivo.

cega, indago fórmulas secretas em busca da raiz perdida, matematizo números, dos inteiros aos fraccionários, dos reais aos imaginários, muno-me da vassoura de bruxa e, sem nenhum esforço corro com os fantasmas todos, um a um, da sala escura à vassourada…

desço e subo a escada, (dizem que conduz ao paraíso)
deslizo pelos supranumerários…
(estes, dos muitos gabinetes, sem reciclagem possível. incrível, como a traça não destrói a permanente bagunçada, que bem precisa!!! ).

numa loucura concisa proponho tempos novos ao tempo.
um tempo em que, maestrina, de batuta descoordenada, assumo meu e dirijo num ritmo alucinado de um cansado metrónomo.

na vanguarda de mim
viro cento e oitenta graus a cabeça
(que a tenho suspensa por um único osso, quase, quase despegada, já meio degolada…) olho os meus bolsos de trás, aqueles onde guardei uma centelha de esperança: tem a cor robusta das moçoilas da aldeia, das papoilas erguidas nas searas da vida, com que incendeio o caos que sempre m’habita, de forma permanente (direi que infinita), este, que em cada poema se solta dos terminais dos dedos e transita em julgado, sem método, sem regra outra, e s’eleva em vagidos de sons, banda em dia de festa, no centro de um coreto, ali, ao lado do lago, onde vislumbro o canto incessante de um cisne, se me busco pecadora confessa na desventura e na desdita de, num registo telúrico, de movimento impreciso, ousar rebuscar a forma harmónica na ogiva inacabada de uma estrada interdita.

“𝕮𝖗ó𝖓𝖎𝖈𝖆 𝖉𝖊 𝖚𝖒 𝖈𝖍𝖆𝖕é𝖚”

“… palerma, chapéus há muitos”… Haver há, de certeza absoluta. Nem contesto. Mas não são meus e nunca estabeleci com eles uma relação...