as pestanas a beijar o rosto, foices largas no olhar humedecido,
como lágrimas
como o dia
como as searas que longe via madrugadas sol da terra antiga; os dias frios, a palidez do rosto esvaecido. e os outros, anteriores àquele e, quem sabe, outros tantos os que se lhe seguiriam.
hoje é o dia de candeias, não te esqueças de acender uma vela, dissera-lhe,
acendera. colocara-a na janela da sua procura, altar excelso de oferta,
acendera. colocara-a na janela da sua procura, altar excelso de oferta,
se as candeias sorrirem, já sabes, o Inverno ainda está para durar,
se as candeias chorarem, breve o Inverno há-de findar,
se as candeias chorarem, breve o Inverno há-de findar,
no teu Inverno
naquele dia um sol em arco-íris alargara-lhe os horizontes, uma nesga de claridade, um fio de tarde estendido sereno sobre a ponte, e esta, leve e luminosa, sobre o caudal do rio,
naquela tarde
de candeias espreguiçadas em fímbrias serenas dos eucaliptos
descodificou-se,
ela e as margens, elevadas além das nuvens que, de tão limpas, estavam ali por estar, a decorar a paisagem.
agora chovia, as estacas não seguravam os barcos, nem as ruas eram trilhos seguros.
cognitivo, o percurso fazia-se em zig-zags, na penumbra necessária, como um navio fantasma a enganar os piratas em alto-mar.
apagou as luzes. tão perto quanto o verbo lhe permitia, deitou a cabeça num lugar só seu - o lago de nenúfares - quando, no fio do horizonte, os cereais carregavam sem esforço o peso das águas, incendiavam o branco dos malmequeres bravios, e o sol, na linha de cabotagem, caia a pique
na casca dos búzios e, ambas,
duas gotas de água
arregaçavam rendas dos pulsos
em punhos de carne - amassavam o pão da vida na ternura lenta dos caracóis selvagens.
antecipando miríades primaveris nas casas brancas dos seus dias,
tomou-a em colo, olhou-lhe os olhos febris na certeza das incertezas de que, reflectidas, conheciam as relíquias e os sinais de uma canção de embalar silêncios em laçadas de seda.
não sem antes lhe segredar,
Sorri!
antecipando miríades primaveris nas casas brancas dos seus dias,
tomou-a em colo, olhou-lhe os olhos febris na certeza das incertezas de que, reflectidas, conheciam as relíquias e os sinais de uma canção de embalar silêncios em laçadas de seda.
não sem antes lhe segredar,
Sorri!