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(Maria Amélia de Carvalho Duarte Francisco Luís)

quarta-feira, 24 de março de 2010

"Epístola quase lírica à poeta Mel de Carvalho", palavras de outros...


Poderia, amiga, falar-te das manhãs que não cheguei a ver. Porque o ar me faltava e o suicídio seria imediato. Um pouco de formicida. Mas tento falar da revolução cubana, enquanto o comandante ainda respira. Queria cantar-te os poetas do meu país. Mas as viagens por eles me sumiram do mapa. Tenho um olhar de quem não tem nada. E desde muito cedo os olhos muito tristes. Um dia, ainda no ginásio ouvi de um professor: "Deu pra ser poeta, não pode ser boa coisa." Aos 12 anos, gazeteando aula, vi meu avô morrer debaixo de um caminhão. Foi o meu primeiro contato com a morte. Viriam outras depois. O jornalismo, a literatura, prêmios que nunca sonhei receber. Veio um beijo na boca. E aprendi que a poesia é bem maior que qualquer metralhadora. Vem de longe, de muito longe, o meu gosto pelo álcool. E pelas pombas que agora vejo passar em frente onde moro. Todo fato é um fado, escrevi certa vez. A barba deixa meu rosto mais velho. Tenho a mulher que amo. E a poesia para escrever. Gostaria de aprender violino. Não tenho jeito pra música. Eu queria imenso ser como uma dessas pombas que voam na praça perto de onde moro.

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júlio, itinerário, inédito

Júlio Saraiva

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Porque de quando em vez nos sabe bem acreditar que as nossas palavras fazem sentido …
Porque estou a preparar um trabalho para alunos sobre as minhas (modestas) palavras poéticas... e, acima de tudo, porque sempre acreditei que as coisas, ao caso, os estímulos, nos chegam quando é tempo de chegarem, hoje, pesquisando, reencontrei estas.

Partilho e agradeço-lhe, Júlio Saraiva,  generoso prefaciador do meu 2º Livro.

“𝕮𝖗ó𝖓𝖎𝖈𝖆 𝖉𝖊 𝖚𝖒 𝖈𝖍𝖆𝖕é𝖚”

“… palerma, chapéus há muitos”… Haver há, de certeza absoluta. Nem contesto. Mas não são meus e nunca estabeleci com eles uma relação...