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(Maria Amélia de Carvalho Duarte Francisco Luís)

sábado, 30 de agosto de 2008

Entre uma treva e outra

Entre uma treva e outra
Entre perdidos e achados
Entre a guerra basilar de pernas e de braços, meu amor, havemos de encontrar lugar a conjugar
a forma (im)perfeita de todos os verbos nus, cedidos em súplica ao corpo de um poema. Anáforas e metáforas, que usamos em lúdica esperança, de luz, à paisagem vagabunda.

Atreve-te,
revolve a terra seca onde se esconde o sol nascente, espreita a lua e avança no areal da praia antes que o vento desgaste pegadas difusas de páreas gaivotas.

Sabes, existe um vento disseminado, difundido - inanidade que me afaga a cara enxuta, que se acoita no pavilhão do meu ouvido -, que não teme em bordar nervuras no sal do meu olhar. E uma vela latina e uma saia de baile escondida ainda num baú do convés. E um velho violoncelo com cordas feitas com a baba de Neptuno em corpo de sereia…
No convés profundo existe de igual modo, um secular violoncelista, e, na proa dum vaso de guerra, voga um corpo de baile em contradanças d’encantar …


Entre uma treva e outra,
existe uma aurora sempre a crescer, um poema por escrever em que, uma pérola minhota, se acirra a deslizar de um colar, em pele, solta. Uma urbe serrana, uma sarça, uma fola … Ou faz de conta…


E existe,
em forma de uma carapaça d’ostra, uma montanha magnética à qual, barcos sem rumo se atraem, e se confundem, quando, uma a uma, todas as traves imoderadas, todas as tábuas sagradas, se soltam no desassossego de carácter, em fulgor de metal fundido…


Entre uma treva e outra,
sobressalta-se o actor em palco, no títere do gesto, no afago refreado em tempo indefinido.

[Balsâmica a solidão, meu amigo, quando os limos se colam aos pés descalços e se não sabe dos ritmos duma vindoura canção. Se, na jactância, piratas-barcos, em excessos extravagantes, se mordem e são, frutos de todos os perigos na fúria de todos os gestos (inex)pressivos .].

Entre perdidos e achados
opressivos bramidos contrastam com a serenidade os dias mansos. Estrépitos e vozes imoderadas se agigantam das furnas subterrâneas… ecoam na preia-mar. São loucas…

Não, meu amigo, não nos corrompe vaidades fátuas, nem louvores fora de tempo. Jubilamos com a voz do vento, com o risco assumido de nossa estrada. E, antegozamos a plenitude dos dias bons, em que somos tão só, modulações de fibra e de voz, de comum sangue,
correnteza nervosa da mesma pigmentação, embalados ao Jazz, à Bossa Nova.

Entre uma treva e outra
entre uma trova e um fado ou uma loa de luar, plantaremos manhãs de espuma na noite deste lugar.
E haveremos de sangrar a realidade!

Ou faz de conta…

“𝕮𝖗ó𝖓𝖎𝖈𝖆 𝖉𝖊 𝖚𝖒 𝖈𝖍𝖆𝖕é𝖚”

“… palerma, chapéus há muitos”… Haver há, de certeza absoluta. Nem contesto. Mas não são meus e nunca estabeleci com eles uma relação...